Orai e Vigiai

“Orai e vigiai” - por Janaini

Uma recomendação bíblica tem grande peso na minha vida é quando se recomenda “orai e vigiai”. Vigiar os pensamentos e sentimentos deve ser levado à sério, porque nos torna autores da nossa vida e responsáveis diretos por tudo que nos ocorre diariamente. Dirigindo nossos pensamentos, podemos atuar com a arte da dúvida e da crítica sobre aqueles que nos limitam o crescimento, e por outro lado, podemos amplificar aqueles que nos direcionam aos nossos objetivos nobres.

Só devemos agir movidos por sentimentos altruístas. Quando nos afastamos deles, o fracasso é certo. A carência é prejudicial porque nos diz que não temos valor suficiente para aguardamos alguém que realmente valha a pena. A carência não é um sentimento nobre porque ela diminui o poder pessoal, demonstra uma auto-estima deficiente e engana nossos sentimentos. Assim, passamos a ser pouco exigentes para nós mesmos. Acabamos aceitando que pessoas indevidas entrem em nossa vida e façam um grande estrago nela. Devemos entregar a Deus nossos anseios e aguardar que, no momento certo, ele nos supra com a realização daquilo que sonhamos. O momento certo é aquele que não haja estragos para outros que nos cercam. Nossos desejos não devem ser individualistas, mas sim, altruístas, pensando no bem de todos que conosco se relacionam.

A perfeição existe, ela faz parte do nosso ser, porque somos feitos à imagem e semelhança de Deus, temos a centelha divina dentro de nós. O impossível foi criado pela mente racional do homem, porque para a nossa parte divina, nada é impossível. Temos exemplo de eventos impossíveis acontecendo debaixo de nossos olhos todos os dias e não nos damos conta disso. Uma mulher amamentando seu filho com seu leite e ele se saciando somente com isto, é um milagre. A mulher gerar um filho é um milagre. As árvores nascerem e darem frutos é um milagre; os pássaros voarem em bando, sincronicamente, sem se esbarrarem, é um milagre; o amor é um milagre; a vida em si é um milagre.

Existe magia atrás de tudo que é natural. Mas, nossos olhos se condicionaram de tal forma a somente percebemos o pior de tudo, que ficamos sempre com a sensação que a vida é difícil, que as pessoas são complicadas, que nascemos para pagar nossos erros ou o erros dos nossos pais, que devemos seguir uma vida cheia de regras senão Deus nos castiga; que tudo que é bom, é proibido; que tudo que é gostoso engorda ou faz mal para a saúde; que o mundo está cheio de gente má; que qualquer hora podemos sofrer algum tipo de agressão; que as pessoas que se aproximam de nós são interesseiras, etc.

Na verdade, tudo isto é mentira. O mundo está, sim, cheio de gente maravilhosa. Os momentos bons são a regra na nossa vida. Encontramos muito mais pessoas boas na nossa existência, que nos ajudam a crescer de alguma forma, que são mensageiros do Criador, nos dando algumas mensagens positivas. Mesmo as pessoas “más” também têm um lado bom, estão momentaneamente vivendo na ignorância dos preceitos divinos.

Devemos lutar para termos uma vida digna e plena, e não para vivermos muitos anos. Viver sem sentido, viver uma existência vazia não vale a pena. Muitas pessoas morreram jovens, mas, de fato, viveram mais que outras que estão aí, perambulando pelo mundo, vivendo sem sentido, contando ano após ano sem qualquer funcionalidade. Passam anos a fio sendo a mesma pessoa, ou pior, se tornando mais amarga consigo e com os outros. Dizem que a velhice torna as pessoas mais ranzinzas. Mas, eu acho que, sabendo viver, a velhice não é a soma de anos, mas o começo da sabedoria.

Nem cansaço nem idade produzem impacto sobre qualquer qualidade ou poder espiritual. Paciência, bondade, apego à verdade, humildade, boa vontade, harmonia e amor fraternal são qualidades que nunca envelhecem. Se as pessoas cultivarem estes atributos na vida, nunca envelhecerão. O que denomina-se processo de envelhecimento constitui, na verdade, uma mudança. Todas as etapas da nossa vida são passos em um caminho sem fim. A vida é auto-regeneradora, eterna, indestrutível e mágica.

Jó disse: “A coisa que eu mais temia desabou sobre mim”. Na verdade, não é a velhice que devemos temer. Devemos temer perder o interesse pela vida, perder nossa capacidade de sonhar, de ansiar por novas descobertas e conquistas. Quando abrimos a mente para novas idéias e novos interesses, e quando levantamos a cortina e deixamos entrar a luz do sol continuamos jovens e cheios de vida.

Não podemos deixar que nossa mente se aposente. Devemos ser abertos e receptivos a novas idéias. Marcus Porcious Cato, o patriota romano, aprendeu grego aos 80 anos. Sócrates, o filósofo grego, aprendeu a tocar instrumentos musicais aos 80 anos. Michelangelo pintou seus maiores quadros aos 80 anos. Na mesma idade, Cios Simonides ganhou um prêmio de poesia. Goethe concluiu “Fausto” e Leopold Von Ranke iniciou seu “History of the World”, que terminou de escrever aos 92. Issac Newton trabalhou ativamente até os 85.

Nós somos filhos da vida infinita e herdeiros da eternidade.

Janaini