Quem cuidava de nós quando estávamos no ventre materno? Não era certamente nosso eu, nós não estávamos cuidando de nós. Não estávamos preocupados onde conseguir oxigênio, onde obter comida. Algo estava acontecendo por si mesmo, naturalmente. Nós fomos alimentados. A mãe respirava por nós. A mãe comia por nós. Durante alguns meses, não tivemos uma única preocupação no mundo, nenhuma responsabilidade.
Os psicólogos dizem que aquela experiência de nove meses no ventre da mãe é a origem da idéia de paraíso, céu. Todo mundo tem esta experiência no inconsciente, memória inconsciente de que durante nove meses não teve nenhuma responsabilidade, nenhuma preocupação. Tudo era absolutamente bonito; as coisas eram perfeitas, estava tudo em harmonia. Essa memória inconsciente nos faz procurar, tateando, por um paraíso. A procura é novamente por um ventre, um ventre universal, um ventre cósmico.
O teólogo dirá: "Acredite no conceito de Deus". O místico diz: "Não há necessidade de acreditar no conceito de Deus, sinta apenas a harmonia na existência”.
No momento em que a criança nasce, os peitos da mãe já estão cheios de leite; de repente o leite nutritivo começa a fluir. Alguém está cuidando, alguma lei universal está tomando conta.
Os psicólogos ficaram muito confundidos por duas guerras mundiais. Eles observaram que depois da Primeira Guerra Mundial nasceram mais meninos que meninas. Por quê? Há alguém planejando isso? Na guerra, mais homens são mortos do que mulheres. De repente, a proporção de nascimentos muda - comumente ela é de 50-50, mas, depois da guerra, imediatamente em seguida à guerra, durante dois ou três anos há um aumento rápido de meninos.
Então, os psicólogos esperaram; não podiam entender o que estava acontecendo. Depois da Segunda Guerra Mundial, o caso era até mais proeminente, porque mais homens tinham morrido. De repente, novamente, menos meninas nasceram e mais meninos nasceram.
Há uma lei sutil que mantém tudo em equilíbrio. Dê uma olhada ao redor e você encontrará a assinatura desta lei em toda parte. Você não pode sentir uma mão escondida cuidando de tudo? Tudo se ajusta tão perfeitamente, não pode haver apenas um caos. Algum poder está trabalhando atrás disso.
O pássaro começa a fazer seu ninho antes de chegar a hora de botar os ovos. E o pássaro não está ciente do que está acontecendo. Algo o está guiando. Chame de natureza; se a palavra “Deus” o ofende, chame de natureza. Mas, uma coisa é certa: as coisas são cuidadas. Um pequeno embrião é cuidado, o ínfimo na existência é cuidado. E o ser humano é o maior florescimento. É a obra prima da natureza. Só ele tem consciência.
Se você é lógico, então apenas pense – é lógico que, na natureza, só o homem seja órfão e tudo o mais tenha uma mão oculta que lhe cuida? Claro que não. O ser humano é a parte mais valiosa da existência. O ateu é aquele que pensa que é um órfão. E a pessoa que tem fé confia que não é órfã – ela sente algumas mãos.
Você pensa que está separado de Deus? É o mesmo que acreditar que uma onda está separada do oceano ou que uma folha está separada da árvore. Essa é a raiz de todos os problemas que assolam o homem.
Por ser o único na natureza que tem consciência, o ser humano deixou de se sentir ligado à Deus. Os animais e as árvores não podem pensar que estão separados. Só o homem pode pensar que está separado, porque apenas o homem pode pensar. Assim, a maior benção foi transformada pelo ser humano em maldição. Apenas o homem pode questionar sua unidade com Deus. Nenhuma árvore pode questionar, porque ela não tem consciência, ela não pensa. Ela simplesmente vive em Deus.
Só o homem pode pensar que é uno com Deus, mas também é o único que pode pensar que está separado. Para o ser humano, há opção. Por isto é o único que teme a morte. Nenhum outro ser na natureza a teme, eles não tem consciência que ela existe. Por isto se entregam a ela com naturalidade. O animal lamenta a dor física, mas não a morte. A flor morre com a mesma naturalidade que nasce. Nós choramos e lamentamos porque nos sentimos abandonados, separados. Quem teve alguma cachorro que precisou ser sacrificado sabe disto. Ele não se lamenta....
Há um outro lado? Não dá para saber.... várias pessoas já tentaram provar e falharam pois não conseguiram falar a linguagem geral. Ainda há dúvidas.
Talvez seja porque já é suficiente sentirmos que a existência é feita do material chamado MILAGRE. É milagrosa de uma extremidade a outra – precisamos somente ter olhos que ainda sejam capazes de maravilhar-se.
Talvez a comunicação de Deus para com o ser humano seja esta, através de milagres, tipo: a formação de uma criança no útero materno sem a mãe fazer qualquer esforço consciente para isto; o próprio leite materno que nenhuma tecnologia conseguiu imitar, e ele flui pelo simples ato de dar à luz; as flores que se abrem delicadamente em todos os lugares; a água (a cachoeira, o mar, os lagos, os rios, a bebida, etc.); o solo que nos fornece alimento; a lua cheia sobre o mar; o sol que nos dá vida e seus espetáculos: nascer e pôr-do-sol; as estrelas que encantam nossos olhos; o próprio ato de enxergar tudo isto. Ter olhos para maravilhar-se é isto, ver e sentir milagre em tudo, principalmente nas coisas mais simples da vida.
Há um outro lado? Talvez esta não seja a melhor pergunta. Há necessidade de outro lado? Porque, para quem quiser ver, esta vida já é um pedaço do paraíso.
Janaini
e Osho
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