Sentado debaixo de um espinheiro, um sábio contava ao seu filho a história de dois homens que ali se feriram:
- Filho, um dia, um homem aproximou-se do espinheiro. Erguei a mão para tocá-lo e um "ai!" de dor brotu-lhe dos lábios. Um rubi de sangue brilhou no seu dedo. O homem limpou o sangue e disse, fitando o espinheiro: "Eu lhe perdôo!". Admirei e louvei dentro de mim aquele homem que possuía o doce dom de perdoar.
O filho, atento às palavras do pai, perguntou-lhe:
- E o segundo homem, como ele se machucou?
- Esse homem, parou junto ao espinheiro, ergueu a mão para tocá-lo, e o espinho também lhe feriu. Mas, o homem limpou em silêncio a ferida, contemplou com amor o espinheiro e disse: "Eu NÃO lhe perdôo!". No momento, pensei que o primeiro homem era um santo: Sabia perdoar! E pensei que o outro não tinha compaixão.....Mas, refleti profundamente sobre as duas atitudes e conclui que o primeiro homem foi sábio porque perdou quando foi preciso. Mas, o segundo FOI MAIS SÁBIO QUE O PRIMEIRO, pois ele não viu naquela situação a necessidade de perdoar.
O filho, perplexo e com o olhar perdido na incompreensão e na dúvida, deixou o pai continuar.
- Filho, disse o pai, o espinheiro fere, porque é espinheiro. Ainda que ele quisesse, jamais poderia perfurmar. O primeiro homem sentiu a dor da ferida, e como não sabia nada, atribuiu a culpa ao espinheiro. Mas, como era bondoso, perdoou. O segundo homem sentiu a mesma dor, mas, como sabia que todo espinheiro fere, pois o espinheiro é assim, NÃO SE SENTIU OFENDIDO. E assim não tinha o que perdoar.
- Desde então - continuou o pai: - Sofro menos quando os espinhos me ferem. Dói-me na alma a ferida, mas minha alma sabe que não há ofensa. É assim que do meu peito brota um piedoso amor pelo espinho que não chegou a ser flor. Meu sofrimento se transforma em ternura, porque já aprendi a não ver ofensa onde não há! Temos que evitar que qualquer ofensa atinja o nosso interior, principalmente quando ela vem de quem não tem algo diferente a dar.
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